A Revolução Verde nos Investimentos: ESG em Foco

A Revolução Verde nos Investimentos: ESG em Foco

Nos últimos anos, o conceito de ESG (Ambiental, Social e Governança) emergiu como força motriz para a transformação dos mercados globais. No coração dessa revolução sustentável com impacto duradouro encontra-se o Brasil, abençoado por uma matriz energética renovável e vasta biodiversidade.

Com quase 90% de sua energia elétrica proveniente de fontes renováveis, o país supera em muito a média mundial de 25%, sinalizando seu protagonismo na transição verde.

O Contexto Global e o Papel do Brasil

Em um cenário de mudanças climáticas e desigualdades sociais, investidores buscam alinhar rentabilidade e propósito. As métricas ESG deixaram de ser diferenciais para se tornar critérios essenciais de análise de risco.

No plano global, a demanda por ativos responsáveis cresce ano após ano. Já no Brasil, a abundância de recursos naturais, aliada a políticas públicas alinhadas a compromissos internacionais, posiciona o país como epicentro de oportunidades.

Taxonomia Verde e Regulação

Durante a COP30, a ser sediada no Brasil em 2025, o debate sobre a Taxonomia Sustentável Brasileira se intensificará. Prevista para entrar em vigor em 2026, ela definirá critérios claros para classificar projetos e ativos como “verdes”.

Segundo projeções do Fórum Econômico Mundial, serão necessários ao menos R$ 1 trilhão até 2030 e R$ 15 trilhões até 2050 para viabilizar a transição climática, ampliar a bioeconomia e modernizar a infraestrutura.

Sem critérios claros para projetos verdes, corre-se o risco de esvaziar a credibilidade dos investimentos, alimentar casos de greenwashing e atrasar o cumprimento das metas nacionais e internacionais.

Panorama dos Fundos ESG no Brasil

Em maio de 2025, o patrimônio sob gestão de fundos ESG atingiu R$ 34 bilhões, um crescimento de 28% em apenas um ano. No total, são 193 fundos ativos no país, divididos entre 127 fundos IS (com compromisso formal) e 66 ESG-related.

Os principais tipos de fundos e seus desempenhos são:

  • Renda fixa ESG: representa 78% do patrimônio, impulsionada por juros altos.
  • Fundos de ações ESG: respondem por 17% (R$ 5,6 bilhões), apesar de resgates de R$ 1 bilhão em 2025.
  • Fundos multimercado ESG: participação menor, mas com potencial de crescimento.

Desde abril de 2022, fundos IS de ações subiram 41%, enquanto os ESG-related avançaram 31,7%, superando o crescimento geral dos fundos de ações (21,9%). A estratégia de crescimento consistente dos fundos ESG baseia-se principalmente em negative screening, adotada por 94% dos fundos IS.

Tendências para 2025-2026: Temas e Tecnologias em Alta

O horizonte dos investimentos sustentáveis se expande com novas prioridades:

  • Neutralização de emissões de carbono por meio de projetos de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.
  • Finanças verdes dedicadas a impacto social e ambiental em setores críticos como saneamento e mobilidade.
  • Automação ESG para coleta e análise de dados mais eficientes e relatórios mais transparentes.
  • Parcerias estratégicas entre empresas e investidores para acelerar a transição energética.
  • Tecnologias de baixo carbono emergentes, como hidrogênio verde e aço de baixo carbono.

Impacto Setorial e Números-Chave

No agronegócio, mais de US$ 10,4 bilhões (R$ 55,4 bilhões) serão direcionados até 2027 para bioinsumos e tecnologias de precisão.

As emissões de títulos sustentáveis caíram 65% no primeiro semestre de 2025, para US$ 3,3 bilhões, mas com perspectiva de retomada impulsionada por avanços regulatórios.

O investimento público em meio ambiente representa apenas 0,26% do orçamento federal, abrindo espaço para capital privado e internacional.

Essa dinâmica reforça o papel de soluções de agricultura sustentável avançadas e infraestrutura verde como motores do crescimento econômico.

Perfil do Investidor e Motivações

Investidores estão cada vez mais conscientes de que ESG não é filantropia, mas sinônimo de rentabilidade aliada ao propósito sustentável. No Brasil, a combinação de recursos naturais e energia limpa atrai capitais do exterior.

Em 2025, 88% dos investidores aumentaram o uso de dados ESG em suas análises. Paralelamente, 80% das empresas nacionais planejam expandir seus orçamentos para iniciativas sustentáveis.

Desafios e Oportunidades

O Brasil enfrenta o dilema de reconciliar harmonização de interesses público e privado para crescer sem sacrificar seus ativos naturais. Governança forte, regulamentação clara e transparência serão determinantes.

Com biodiversidade única e um setor energético enxuto em carbono, o país tem potencial para liderar inovações globais e atrair até trillionários em investimentos até 2050.

O Futuro dos Investimentos ESG no Brasil

O caminho está traçado: tornar-se referência mundial em sustentabilidade exige união de governo, empresas e sociedade civil. Para investidores, é momento de posicionar recursos em projetos que gerem lucro e impacto positivo.

Ao abraçar essa revolução verde nos investimentos, o Brasil não apenas cumpre seus compromissos climáticos, mas também se beneficia de maior competitividade e resiliência econômica.

O convite é claro: seja parte ativa dessa jornada transformadora e ajude a construir um futuro sustentável e próspero para as próximas gerações.

Por Lincoln Marques

Lincoln Marques