Em um mundo marcado por desafios econômicos e desigualdade crescente, compreender os mecanismos de construção e transferência de patrimônio é fundamental. Este artigo explora desde o panorama global até as práticas de planejamento sucessório, oferecendo insights para famílias que desejam preservar e multiplicar o seu legado através das gerações. Vamos desvendar dados, tendências e recomendações essenciais para quem busca segurança financeira e continuidade do patrimônio.
Panorama da riqueza no Brasil e no mundo
Atualmente, o Brasil conta com 433 mil milionários em dólares, ocupando a 19ª posição global e liderando a América Latina no ranking de riqueza. Esse universo de indivíduos registrados como ricos cresceu 1,6% entre 2023 e 2024, e projeta-se a chegada de 83 mil novos milionários até 2028.
Nos Estados Unidos, o cenário é ainda mais expressivo, com quase 24 milhões de milionários, representando 39,7% do total mundial. Essa concentração demonstra tanto o poder econômico daquela região quanto a disparidade com outros países, especialmente em economias emergentes.
Entretanto, a desigualdade é um aspecto marcante no Brasil. O país lidera o ranking de desigualdade de riqueza entre 32 nações, com um Índice de Gini de 0,82. Menos de cem pessoas detêm cerca de R$ 146 bilhões, evidenciando a necessidade de políticas que promovam maior equidade.
Desde o início da década, a riqueza média por adulto no Brasil cresceu 23%, enquanto a mediana subiu 28%, já descontada a inflação. Esses números indicam uma evolução, mas também reforçam a concentração em estratos específicos da sociedade.
Transferência de riqueza: herança e sucessão
Nas próximas duas décadas, o Brasil será o terceiro país em volume de transferência de riqueza por herança, totalizando aproximadamente US$ 9 trilhões em movimentações, atrás apenas dos EUA e China. Globalmente, novas gerações devem receber até US$ 84 trilhões até 2045.
A onda de transferência envolve principalmente a mudança de ativos das gerações Baby Boomer para Millennials e Geração Z. Esse processo traz novos desafios e oportunidades: os herdeiros tendem a buscar ativos alternativos, como criptomoedas, arte e fundos de impacto social.
- Destinação de recursos: imóveis, investimentos financeiros e participações empresariais.
- Preferência por instrumentos digitais e sustentáveis entre os jovens investidores.
- Busca por dupla cidadania e diversificação geográfica de ativos.
Tradicionalmente, brasileiros destinavam de 70% a 80% dos investimentos ao mercado local, mas essa proporção tem mudado. Hoje observa-se uma migração maior de recursos para bolsas internacionais e fundos globais, reduzindo riscos atrelados à economia nacional.
Comportamento financeiro e planejamento sucessório
O planejamento financeiro é o alicerce para uma sucessão ordenada. No Brasil, 64% das pessoas elaboram orçamento mensal, mas apenas 43% contam com reserva de emergência adequada. Há uma lacuna entre consciência e ação efetiva.
- 82% pensam na aposentadoria, mas só 15% possuem previdência privada;
- 56% consideram a sucessão dos bens, entretanto apenas 7% fazem testamento formal;
- 42% acreditam que seus herdeiros saberiam acessar os bens sem dificuldades.
Esses dados expõem um baixo índice de planejamento sucessório, deixando muitas famílias vulneráveis a disputas judiciais e custos elevados de inventário, que até o momento só 9% dos brasileiros planejaram de forma preventiva.
Além disso, 49% das pessoas gastaram mais nos primeiros meses de 2025 em comparação ao ano anterior, e 21% acumulam dívidas com crédito e empréstimos. Mesmo assim, 64% pretendem economizar mais e 23% desejam aumentar seus investimentos no segundo semestre.
Desafios estruturais e oportunidades
A alta concentração de renda no Brasil cria barreiras ao crescimento econômico inclusivo. A ausência de políticas fiscais eficientes, aliada à falta de educação financeira, dificulta o acesso amplo à geração de riqueza.
No entanto, existem oportunidades claras. Com uma economia interna robusta, moeda própria e um mercado de capitais em desenvolvimento, o país oferece terreno fértil para a multiplicação de patrimônio. Investir em educação, infraestrutura e inclusão social é essencial para estimular a mobilidade econômica.
A pandemia mostrou como novos bilionários podem emergir rapidamente enquanto muitos perdem patrimônio. Esse fenômeno reforça a importância de estratégias de longo prazo e diversificação, além de permanecer atento às mudanças regulatórias e tecnológicas.
Tendências de sucessão e gestão patrimonial
O tema sucessão patrimonial vem perdendo o estigma, especialmente diante de casos de disputas familiares. Hoje, é cada vez mais comum contratar consultorias especializadas em gestão global de ativos e planejamento tributário.
As novas gerações se destacam pela busca por diversificação internacional de ativos e pelo foco em investimentos de impacto social. A revolução digital, com IA e fintechs, permite o acesso a produtos antes restritos a grandes fortunas.
Consultorias e escritórios de advocacia especializados desenvolvem soluções que unificam planejamento familiar, tributação e conformidade internacional, apoiando famílias a proteger seu patrimônio e garantir eficiência na sucessão.
Práticas e recomendações para proteger seu legado
Para construir e preservar a riqueza de forma sustentável, é fundamental adotar práticas sólidas e alinhadas com os objetivos familiares:
- Formalizar um plano de sucessão, incluindo testamento e acordos pré-nupciais;
- Manter uma reserva de emergência equivalente a seis meses de despesas;
- Buscar assessoria especializada em planejamento tributário e gestão de patrimônio;
- Investir em diversificação, mesclando ativos locais e internacionais;
- Incluir a educação financeira das gerações futuras como estratégia de longo prazo.
Essas ações, aliadas a uma visão de longo prazo, elevam as chances de seu legado atravessar gerações de forma harmoniosa e eficiente, minimizando riscos e disputas.
Ao construir riqueza com base em boas práticas financeiras e um forte planejamento sucessório, você cria alicerces sólidos para que futuras gerações prosperem. Encare esses desafios como oportunidades de transformação, ampliando o impacto positivo de suas decisões na sociedade e no futuro de sua família.